A Índia ainda é um país de faquires e “homens-santos” explorando a superstição e falta de senso crítico do povo local com fraudes toscas. Vale lembrar que Sai Baba, já pego em fraudes, continua vivo e poderoso, enquanto o racionalista Basava Premanand faleceu lamentavelmente sem conseguir que o charlatão fosse condenado pelas fraudes que realiza.
A Rationalist Internacional, outro grupo de racionalistas na Índia dedicado a expor estes falsos gurus – cujo confronto com um “homem-santo” que falhou em matar o cético Sanal Edamaruku – cita outros casos de gurus que dizem não se alimentar sendo expostos em suas fraudes, como o deKumari Neerja, que em 1999 afirmava não se alimentar nem beber, tampouco ir ao banheiro, há mais de cinco anos.
Em 1992 o próprio Edamaruku expôs o homem-santo Pilot Baba que dizia sobreviver sob a água por cinco dias sem respirar. Edamaruku descobriu que a elaborada construção de piscina construída para demonstração possuía um confortável compartimento seco onde Baba descansava. Em 1996 o mesmo baba tentou a mesma história, exposto novamente na mesma fraude.
Estes casos chegam às agências de notícias, são reproduzidos sem qualquer questionamento como curiosidades, e podem ser mesmo temas de documentários que chegam a ser veiculados em canais reconhecidos como o Discovery. O leitor deve lembrar que não é nada incomum que tais “documentários” sejam completamente desprovidos de senso crítico, ou mesmo que promovam fraudes.
E é apenas aqui, ao final do texto que mencionamos como a própria idéia de “viver de luz” é absurda por si só. Viola a mais fundamental, a mais verificada e comprovada das “leis” que fundamentam toda a ciência, e toda a tecnologia derivada desta ciência, a conservação de energia. Para chegar mesmo a cogitar a possibilidade de que a conservação pudesse ser violada, seria necessária evidência muito mais promissora do que faquires e notícias recicladas.
Mais do que absurda em si mesma, a idéia de “viver de luz” é perigosa e irresponsável, tendo levado à morte algumas das poucas pessoas de boa fé e suficiente determinação para aplicar tais crenças ao seu derradeiro fim. No que é mais cruel e revoltante, os que promovem tais idéias, e permanecem vivos, são justamente os que não as praticam de fato. Simplesmente porque ainda estão vivos.