domingo, 7 de fevereiro de 2010

Matador de aluguel cobrava até R$ 30 mil por assassinato






Wellington de Carvalho Franco é paulistano, tem 30 anos e segundo grau completo. “Profissão? Pode por como comerciante. O mais que eu faço é ficar com a minha mãe”, diz Wellington. Mas, para a polícia, ele é um matador de aluguel - suspeito de envolvimento em 40 assassinatos, nos últimos quatro anos. Na lista de clientes dele, estão empresários e comerciantes da capital paulista.

Segundo a policia, o preço médio era R$ 5 mil, mas Wellington chegava a cobrar R$ 30 mil para matar uma pessoa. “Era um matador de aluguel e ele não escondia isso de ninguém”, garante uma testemunha. As principais testemunhas dos crimes cometidos por Wellington vivem hoje protegidas pela polícia. “É visto como um câncer. Wellington mata mesmo”, acrescenta uma testemunha.

Segundo a investigação, uma das vítimas de Wellington é o porteiro José Cleyton Rocha, o Baianinho, morto em 2008. “A gente via o fogo das balas saindo do carro dele e indo até o Baianinho”, conta uma testemunha.

De acordo com a polícia, Wellington também matou o comerciante Roberto Sales, em junho do ano passado. Wellington chegou a fazer um leilão do crime. “Ele falou: Roberto, eu recebi uma proposta de R$ 5 mil para te matar. Se você tiver uma contraproposta, o mal vai ser virado contra o feiticeiro, entendeu?’”, contou uma testemunha.

Não houve negociação. O mandante do crime, segundo a policia, é Rodrigo Silva Santos, dono de uma casa de shows e de uma clínica de estética, na Zona Norte de São Paulo. Ele teve a prisão decretada e está foragido. “Eu não matei ninguém, doutor”, garante Wellington.

“Na maioria dos crimes, ele comete se utilizando de uma pistola de calibre 380, principalmente na região do rosto”, informa a delegada Alexandra Comar de Agostini.

Outra vítima é Fábio Muniz do Amaral, de 46 anos, corretor da Bolsa de Valores de São Paulo. As investigações indicam que a mulher de Fábio, Aparecida Bezerra da Silva, de 30 anos, contratou o matador por R$ 30 mil.

“Eles tinham uma relação às vezes um pouco agressiva, mas nada que escapasse de uma relação de um casal normal”, conta o advogado da família de Fábio, José Chiachiri Neto.

O crime aconteceu em fevereiro do ano passado. Fábio tinha ido buscar a mulher na loja de roupas dela. Também obtidas com exclusividade pelo Fantástico, as imagens das câmeras de segurança mostram Fábio ainda vivo e o momento em que Aparecida vai para o interior da loja. Segundos depois, ele é morto com dois tiros por um homem que estava na garupa de uma moto.

A polícia não tem dúvida de que o homem é Wellington. Também não tem dúvida do motivo do crime. O corretor da Bolsa de Valores tinha feito um seguro de vida no valor de R$ 120 mil. Aparecida era a única beneficiária.

No dia que o matador de aluguel foi preso, na segunda-feira passada (1º), o celular dele tocou na Delegacia de Homicídios. Ele disse que era Aparecida, a mulher acusada de mandar matar o marido. “Oi Cida. Vem no DHPP. Ela falou então tá bom”, disse Wellington à mulher, por telefone.

Aparecida não apareceu. Também é considerada uma foragida da Justiça. As próximas vítimas do matador de aluguel seriam um capitão da Polícia Militar e a namorada do PM. O policial trabalha em um batalhão na Zona Oeste da capital paulista. De acordo com a investigação, o matador pretendia assassinar o casal ainda este mês.

Segundo a polícia, o crime foi encomendado por um agiota. Alegando questões de segurança, o militar preferiu não gravar entrevista.

O matador tinha um carro, mostrado em vídeo, e morava em uma casa na Zona Norte de São Paulo. Pessoas ouvidas pelo Fantástico dizem que Wellington era visto com frequência no bairro, acompanhado por policiais militares. Ele chegava a se apresentar como PM. “Eu já o vi várias vezes armado no meio de policiais militares da área”, conta uma testemunha.

A algema apreendida com ele ajudava a reforçar a imagem de que era policial. No depoimento, o matador desconversou: “Eu usava quando eu saía com alguma garota”.

Wellington confirmou que conhece vários policiais e acusou dois deles de ter planejado o assassinato do coronel José Hermínio Rodrigues, em 2008. Wellington disse que sabe da história, mas nega ser o autor dos tiros.

O coronel era o comandante da PM na região e vinha combatendo a corrupção policial. “Como o coronel Hermínio assinou a transferência deles, assim que o coronel morresse, eles voltavam para o 18o Batalhão, porque era a área que eles conheciam”, disse Wellington.

Um dos policiais já foi indiciado pelo crime. Nos próximos dias, deve ser pedida a prisão de pelo menos mais quatros PMs.

Por medida de segurança, o matador de aluguel está sozinho numa cela, isolado dos outros presos. Ele pode ser condenado a mais de cem anos de prisão. 





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