
Dezasseis meses depois das eleições em que foi candidata a vice-presidente, a dama de trunfo dos republicanos voltou para desafiar Barack Obama. Sarah Palin electrizou a América conservadora com um discurso contra a política "imoral" do Presidente, em que abriu o caminho para a sua candidatura à Casa Branca, em 2012.
A ex-governadora do Alasca abriu a primeira convenção do movimento Tea Party, sábado, em Nashville, para dizer: "A América está pronta para uma revolução e vocês vão tomar parte nela."
O movimento Tea Party - "Festa do Chá" numa tradução literal - é inspirado no protesto dos colonos americanos contra um imposto cobrado pela coroa britânica, em 1773. A revolta, em Boston, antecipou três anos a declaração de independência dos EUA.
O movimento político das bases - independente do Partido Republicano - surgiu em força há um ano, juntando opositores aos projectos milionários da agenda de mudança Obama. Os críticos dizem que as despesas vão obrigar a América dos pequenos empresários a apertar o cinto.
Os conservadores estiveram por detrás dos protestos de Verão que minaram o debate sobre a reforma da saúde e foram decisivos, há um mês na eleição do republicano Scott Brown, no Massachusetts, que tirou a Obama a supermaioria no Senado. O seu poder ameaça influenciar o desfecho das eleições intercalares do Congresso, em Novembro.
Apesar da reputação de ignorante - que confunde as duas Coreias e sabe de política externa por ver a Rússia da janela de casa -, Palin está a tornar-se num dos rostos do movimento e parece disposta a usá-lo para relançar a sua carreira e preparar uma candidatura à Casa Branca em 2012.
Inquirida durante a convenção se estava disposta a desafiar Obama, a republicana respondeu que seria "absurdo fechar a porta", enquanto a multidão gritava: "Corre, Sarah! Corre!"
Depois, a comentadora da Fox News passou ao ataque. A mãe de família mais famosa da América afirmou que "este movimento é bonito... porque é de pessoas". "É muito maior do que um homem cheio de carisma a ler um teleponto," disse minutos depois de olhara para a mão onde escrevera cábulas do discurso.
Palin acusou o Presidente de estar a afogar o país em dívidas com a reforma da saúde e os planos de estímulo à economia e de resgate dos bancos.
A republicana classificou o orçamento para 2011 de "imoral" - o défice ultrapassa um bilião de dólares - e denunciou: "A dívida ficará com as crianças, isto é roubar uma geração."
Pouco mais de um mês depois do atentado terrorista falhado a bordo de um avião que sobrevoava Seattle, Palin acusou ainda Obama de não saber defender os americanos e de não distinguir amigos e inimigos externos.
O discurso da ex-governadora do Alasca relegou para segundo plano as polémicas sobre a convenção que hoje termina. A imprensa noticiou que Palin recebeu 73 mil euros para discursar. Ela disse que o dinheiro servi- rá para financiar as campanhas de candidatos conservadores. Quem sabe não será a sua.
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