segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Quem deve pagar a conta?

Fuga de cérebros pode ser definida como uma emigração de indivíduos com aptidões técnicas ou de conhecimentos devido a conflitos políticos, étnicos, guerras civis ou falta de oportunidade em seu país de origem.

Existe um contingente não desprezível de cientistas brasileiros trabalhando fora do país e que não pensa em voltar. O assunto volta à tona de tempos em tempos. Ontem foi a vez do jornal O Globo reacender a discussão.

Segundo reportagem de Leila Suwwan, bolsistas de doutorado e pós-doutorado enviados ao exterior mas que não retornaram, devem R$ 81,1 milhões (valores sem correção ou juros) aos órgãos de fomento nacionais (CAPES e CNPq).

Antes de receber sua bolsa, o pesquisador assina documento que o obrigaria a passar igual período no país, transmitindo o conhecimento adquirido. Apesar da cláusula "do retorno", é difícil cobrar de quem que não volta ao país. A Controladoria Geral da União discute a possibilidade dos bolsistas passarem a apresentar garantias prévias de ressarcimento para começarem a receber os recursos.

Não há levantamento completo sobre o impacto desse êxodo. Entre 1982 e 1998, equivaleria a 1% do total de beneficiados. De qualquer modo, trata-se de dinheiro público que poderia ser reinvestido em pesquisa feita no Brasil.

A principal justificativa para não regressar seria a dificuldade em conseguir trabalho. Por conta disso, o Tribunal de Contas da União recomendou estudo sobre a possibilidade de contratação compulsória de bolsistas formados no exterior. Seria o mesmo que garantir a convocação para a seleção brasileira de todo e qualquer atleta que dispute o campeonato europeu.

Atrevo-me a dizer que a falta de oportunidade não explica a permanência definitiva no exterior de cientistas que buscaram especialização em universidades dos Estados Unidos e Europa.

Há ofertas de emprego surgindo em diversas universidades brasileiras, além de bolsas disponíveis para fixação de pesquisadores recém-chegados.

Salvo raríssimas exceções, permanecer fora do Brasil é uma opção pessoal ou profissional.

Não é fácil fazer pesquisa por aqui e essa escolha deve ser respeitada. A pergunta é quem deve pagar a conta.

Há vantagens para o país em possuir cientistas radicados no exterior? Sim, há. São profissionais que absorvem em seus laboratórios estudantes brasileiros que buscam formação especializada. Além disso, estabelecem conexões internacionais que podem beneficiar o desenvolvimento de áreas de conhecimento ainda incipientes em nosso país.  Não sabemos entretanto se o impacto positivo do retorno desses profissionais ao Brasil seria ainda maior.

E você leitor, acha que o pesquisador brasileiro que migra definitivamente para o exterior deveria ressarcir aos cofres públicos o dinheiro investido em sua formação?

É um assunto controverso, dê sua opinião!

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